O Grito

Em nome dos míseros milhões…
Estrangula-se o parco sustento,
Amordaça-se o fraco ao lamento,
Constroem-se escravos de tostões!
Em nome de Bolsas e Investidores…
Os lucros investem nas dores
para o saldo positivo dos mercados,
E ficam, mais alguns, desempregados!
O Capital não tem submissões,
É brisa, tempestade, ciclone ou vento…
Consoante as altas ou baixas depressões.
Lá do alto, comandam os grandes senhores
Cá em baixo, os valores estão na loja de penhores
Em comum, vivem ambos na ânsia, preocupados!
Tenho um grito…
Estou aflito,
Ele quer ser independente!
Tenho um grito…
Voraz, imponente,
Coitado, é tão impotente!
Correm ventos nefastos da ganância
em terras onde a escassez impera!
Usurpam tudo cheios de elegância,
dando a migalha a quem desespera!
Se Homem é percursor da Humanidade
Então, o sinónimo será Insanidade?!
Adormece envenenado de conforto…
Acorda com a desgraça em seu porto!
Que mundo é este sem infância,
Onde avidez desértica prospera
e uma gota de esperança é quimera?
Que mundo é este que jaz…morto,
Sem chispa, emoção, intensidade
e, não crispa pelo coração e verdade?!
Tenho um grito…
Estou aflito,
ai!...como é potente!
Tenho um grito…
Rasgado e ardente,
Perdido…descrente!
E tu, Homem que exalas poder…
já reparaste na tua mórbida solidão?!
O que procuras apagar e esquecer…
de tão pesado, que ocultas o coração?!
Alquimista fazes verdade da mentira
Promessas seladas de irrevogável ira…
Desconfias da tua sombra e ela, advém da luz,
para quê…cravares mais pregos nessa cruz?!
Dói…saber o que te poderá acontecer!
És meu irmão e não quero ver-te sofrer…
Tens medo, eu sei… - Toma a minha mão!
Quem tudo quer só a si retira!
Quem busca fora, o vazio produz…
Abraça-te e sente o que em ti reluz!
Tenho um grito…
Estou aflito,
Ele pede Amor latente!
Tenho um grito…
Ecoa para toda a gente:
- Amem…sintam o Amor transcendente!
Poema do encontro "Serões do central"

 

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